Ainda na década de 90, iniciaram-se os primeiros estudos de grande impacto que apontavam para a necessidade de identificação de indivíduos com maiores riscos de desenvolvimento da Doença de Alzheimer (DA). As grandes novidades da década de 90 vieram pelo estabelecimento do termo “Mild Cognitive Impairment” (em português, Comprometimento Cognitivo Leve [CCL]), oriundo de estudos que mostravam que indivíduos com declínio de memória que, entretanto, ainda não apresentavam demência, tinham maiores chances de desenvolver DA num seguimento.
Conforme os estudos foram sendo realizados, observou-se que os critérios utilizados (baseados inicialmente em publicações de Petersen, com foco principal em funcionamento de memória) formavam grupos de pacientes bastante heterogêneos – alguns indivíduos nunca evoluíam para demência, outros regrediam e voltavam a funcionar “normalmente”, outros evoluíam para demências de tipos não-Alzheimer (vascular, Lewy, Fronto-temporal etc). O foco dos estudos tomou diversos caminhos, passando a permitir declínio de outras funções – que não memória – e dividindo o CCL em subtipos (tipo amnéstico, não-amnéstico ou múltiplos domínios), dependendo da função cognitiva afetada.
Se o foco inicialmente era apenas o funcionamento cognitivo, os estudos mais recentes que seguem na busca da identificação de estágios pré-clínicos da DA focam no desenvolvimento de novos critérios para um “MCI due do Alzheimer Disease” (CCL devido à Doença de Alzheimer), propondo combinação de informações vindas de perfil neuropsicológico, exames de imagem (Ressonância magnética, por exemplo), biomarcadores que podem ser encontrados no líquor (líquido que tem como uma de suas funções proteger o cérebro de lesões) e características genéticas do indivíduo. O perfil neuropsicológico mais sugestivo do que atualmente os pesquisadores chamam de CCL devido à DA é muito parecido com aquele descrito por Petersen em 1999, isto é, declínio de memória comparativamente ao funcionamento anterior em indivíduo não-demente. A grande diferença é que a associação com as demais informações permite uma maior especificidade na identificação dos indivíduos de maior risco de progressão.
Estudos mostram que o início da doença em nosso cérebro ocorre anos antes de apresentarmos sintomas específicos, como por exemplo, déficits de memória. Isso significa dizer que aqueles indivíduos que atualmente podem ser identificados como portadores de CCL devido à DA já teriam a doença instalada há alguns anos. Sendo assim, o foco de grande parte dos estudos do “The National Institute on Aging and Alzheimer’s Association” tem como objetivo identificar aqueles indivíduos que desenvolverão DA, mas que ainda estão assintomáticos. A grande vantagem deste tipo de abordagem é permitir introdução de estratégias terapêuticas antes que haja grandes modificações cerebrais, o que possivelmente se associará a um melhor prognóstico.
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