Hipertensão e cognição
Dentre as principais dificuldades enfrentadas por indivíduos idosos, podemos citar o declínio cognitivo que, ocorrendo de forma mais acentuada, pode resultar em síndromes demenciais. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o acidente vascular encefálico (AVE) é a principal causa de morte no Brasil. Uma revisão realizada por de Freitas e Bogousslavsky (2001), demonstrou que hipertensão arterial – algo observado em até 60% dos idosos – é um dos principais fatores de risco para AVE.
Apesar da importância do AVE para o declínio do funcionamento cognitivo, diversos estudos vêm investigando relação entre hipertensão arterial e cognição em indivíduos nos quais não há AVEs mais evidentes. Os achados dos diferentes estudos revelaram-se inconsistentes, porém alguns achados apontam para a eficácia do tratamento da hipertensão arterial para a manutenção do bom funcionamento cognitivo.
Harrington e colaboradores (2000) investigaram funcionamento cognitivo em pacientes idosos (idades superiores a 70 anos) com ou sem diagnóstico de hipertensão arterial – no estudo, utilizou-se amostra de hipertensos não tratados, mas sem histórico de AVE. Os resultados demonstraram que os hipertensos não tratados apresentaram desempenho inferior aos normotensos em todas as funções cognitivas investigadas, sugerindo haver impacto da hipertensão no funcionamento cognitivo. No entanto, a boa notícia vem de estudos com pacientes hipertensos com bom controle de pressão arterial, que sugerem que estes indivíduos podem ter as funções cognitivas preservadas.