segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"Doença de Alzheimer"

               
Roberto Goldkorn é psicólogo e escritor



Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia 'o Infalível'. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.

Aliás, fico até mais tranqüilo diante do 'eu não sei ao certo' dos médicos; prefiro isso ao 'estou absolutamente certo de que.....', frase que me dá arrepios.
E o que fazer... para evitarmos essas drogas?

Como?

Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida 'bandida'.

Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo, nunca, pois dali só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.

Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos.. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.

Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas 'bobagens' e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.

Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante). 
Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade. 
Parodiando Maiakovski, que disse 'melhor morrer de vodca do que de tédio', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.

Dicas para escapar do Alzheimer:

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.

Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. 

Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, é necessário praticar 
exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. 
O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. 

Tente fazer um teste:

- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho.

A proposta é mudar o comportamento rotineiro!

Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!

Fonte: Internet

"Transtorno Bipolar e o risco de suicídio"



O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por um padrão de oscilação de humor que pode incluir eutimia, depressão ou mania/hipomania. O perfil neuropsicológico do TB pode se associar a diversas alterações, incluindo déficits de memória verbal, disfunções executivas, entre outros.

Sabidamente, o TB é uma das condições neuropsiquiátricas que mais se associam a comportamentos suicidas. Mais ainda, as tentativas de suicídio destes indivíduos tendem a ser mais letais que em outros transtornos neuropsiquiátricos, e algo em torno de 1/3 dos portadores deste transtorno apresentam ao menos uma tentativa de suicídio ao longo da vida. Alguns estudos investigaram influência de comorbidades (coexistência com outros transtornos psiquiátricos) para risco de suicídio. Neves e colaboradores demonstraram que, dentre portadores de TB, aqueles que também tinham diagnóstico de Transtorno da Personalidade Borderline – transtorno caracterizado por impulsividade e instabilidade emocional – e etilismo tinham maiores chances de tentar suicídio.

Estudos utilizando neuropsicologia também podem auxiliar na identificação de indivíduos que apresentam risco para tentativas de suicídio. Recentemente, Malloy-Diniz e colaboradores compararam portadores de TB que haviam tentado suicídio àqueles que nunca tiveram tentativas de suicídio. Os resultados demonstraram que os portadores com tentativas pretéritas de suicídio apresentavam piores resultados em tarefas de avaliação de tomada de decisão, revelando maior impulsividade neste grupo.

Estes estudos revelam que a avaliação neuropsicológica pode ter utilidade na prática terapêutica ao identificar indivíduos com riscos. 


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"Doença de Alzheimer"


                                                                    


A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer...
                                                                            Arnaldo Antunes




                                                   

ALZHEIMER - Casos aumentam no Brasil



Qua, 01 Set, 04h58
(BR Press) - Alterações comportamentais, repetições, dificuldades para lidar com tarefas complexas e planejamento, perda da habilidade espacial e de organização, esquecimento. Esses são alguns dos sintomas mais comuns do Mal de Alzheimer. Segundo estimativas, a doença atinge cerca de 5% da população brasileira com idade igual ou superior a 65 anos e que, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde, matou seis vezes mais brasileiros na última década - em 1999 foram cerca de 1.300, já em 2008, o número pulou para quase oito mil.

É bom saber
Sem causa conhecida, a doença ainda assusta a população e, por isso, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) lança a Campanha Nacional de Conscientização sobre o Alzheimer, que acontece durante o mês de setembro em todo o país. São mais de 40 palestras para esclarecer dúvidas e alertar para a importância do diagnóstico precoce na melhoria da qualidade de vida do paciente. Em média, a descoberta da doença demora três anos e, em 95% dos casos, os pacientes morrem nos primeiros cinco anos após as primeiras manifestações do problema.
"Se o paciente receber o diagnóstico precoce a qualidade de vida pode melhorar, porque a evolução da doença é menor. Se a família recebe orientação e apoio, consequentemente a qualidade de vida também melhora. Em termos de tratamento também muda. Há uma resistência muito grande na nossa cultura de entender que há uma melhora na qualidade de vida, mesmo que não haja cura. Precisamos fazer com que as pessoas acreditem nisso, porque é verdade", afirma a coordenadora do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN, Márcia Chaves.
O Alzheimer está associado ao envelhecimento, sendo responsável por 10% dos casos de demência em pessoas acima de 65 anos e 50% acima dos 80. A prevalência da doença aumenta conforme a idade, ou seja, a cada cinco anos as chances de desenvolver o problema dobram, sendo que entre 65 e 69 anos as probabilidades sobem cerca de 2,5%, podendo chegar a 5% na faixa a partir de 80 anos.
Música e leitura
A doença leva cerca de dez anos para manifestar os primeiros sinais clínicos, logo, há estudos que sugerem a possibilidade de "adiar" em até seis anos o seu aparecimento, realizando algumas atividades que melhoram a nossa cognição, como leitura, dança e tocar instrumentos musicais. Porém, isto deve ser deve ser feito pelo menos três vezes por semana durante um período não menor que 20 anos.
"O mais comum é que a doença apareça a partir dos 65 anos, então precisamos fazer essas atividades com antecedência", diz Márcia. "Podemos também combinar atividades que evitam doenças cardíacas e incluir a leitura para ajudar também contra o Alzheimer",
Depressão
Segundo estudos, ainda não há um consenso sobre a depressão como um fator de risco para o desenvolvimento do problema. Mas um indivíduo apático, ou seja, que não procura atividades de lazer, leitura ou convívio social, possui chances aumentadas de ter o Mal de Alzheimer. 
Com o tempo, a doença prejudica o organismo do portador de forma indireta. "As pessoas ficam acamadas e isso causa comprometimento, porque o paciente tem dificuldade de se alimentar e de movimentação. Isso torna o organismo mais suscetível à infecções, porque há mais dificuldades de controle das funções básicas. O mais frequente é a decorrência de um quadro infeccioso pulmonar", explica Márcia Chaves.
Porém, a presidente da Associação Brasileira de Alzheimer, Viviane Abreu, lembra que é possível adiar e amenizar esse quadro. "Na reabilitação de portadores de Alzheimer temos profissionais que vão ajudar a adiar esses problemas de controle de atividades naturais, por exemplo. Os pacientes fazem atividades físicas que retardam esses sintomas, os deixam mais leves e facilita os cuidados, além de diminuir as infecções, preservando melhor a cognição", diz.
O Dia Mundial do Alzheimer acontece a cada 21 de setembro e traz campanhas educativas em diversos países.